sábado, 16 de fevereiro de 2013

Topologia do Saber Transistórico

             Este gráfico representa topologicamente as categorias fenomenológicas abordado na perspectiva da Teologia Transistórica


todos os direitos reservados a Marcio F. A. Miyazato

            Algumas dessas categorias foram apresentadas  nos textos de perspectiva epistêmica da teologia transistórica, as demais, serão aprofundadas  nos próximos textos. Uma observação importante: Quanto mais se aproxima das categorias do centro, maior são as certezas, mais coerência lógica adquire o discurso, porém, mais próxima esta da ficção, da realidade simbólica, de uma perspectiva coisificada e histórica, passível de vencimento. Por outro lado, quanto mais se distância do centro, menor são as certezas e dificulta  a apresentação de demonstrações de caráter lógico-materialista. Quanto mais distante do simbólico, perde-se a razão e exige-se maior fé, em outras palavras, abandona-se a razoabilidade humana e reforça a adesão, por intermédio da fé, ao absurdo divino: loucura para os homens. Abaixo alguns versículos da carta aos Corintios que reflete esta questão: 

"Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." I Cor. 1:18

"Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." I Cor. 2:14

" Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio."  I Cor. 3:18

Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia." I Cor. 3:19

          É importante considerar que há loucuras que são humanas, essas estão próximas do arco verde (zona de caos da linguagem), ela é de natureza das psicoses.

        A loucura de Deus vem de Sua sabedoria, que não cabe na racionalidade instrumental humana ou no saber humano.

Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação." I Cor. 1:21

Marcio F. A. Miyazato. é Professor e Teólogo. Fundador da Teologia Trans-histórica.  Formado em Pedagogia, Graduando em teologia pela FAETESF e pós-graduando em Semiótica Psicanalítica pela PUC-SP 

Perspectiva epistêmica da T.T - O logônico


LOGÔNICO


No princípio era o Logos, e o Logos estava com Deus, e o Logos era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.                                 
(Evangelho de João 1:1)


            Logônico, vem da palavra grega – logon , modo acusativo de logos – que significa: palavra, razão, discurso, argumento. Assim, O logônico é a esfera da linguagem, dos discurso, da ordem e da lei, é o mundo simbólico: mundo que nos faz existir socialmente por meio de significantes ou signos, posições sociais que assumimos voluntariamente ou não. 
            A sociedade é um sistema simbólico, ou seja, um sistema estruturado por linguagem. Logo, quando nascemos recebemos um nome dos seres falantes ou daqueles que manipulam os códigos sociais.  

            Além do nosso nome,  que indica nosso pertencimento a um grupo reconhecido no sistema, também recebemos  números de registro e, a partir daí, somos educados continuamente para ser integrado ou existir dentro do sistema social dos seres falantes. A linguagem é a lei do sistema que regula, controla, classifica, e produz o sentido da vida social.

            Indivíduo é um termo para definir qual seria a parte menor constitutiva da sociedade, o nome de registro de uma pessoa  é a chave de acesso e conexão no sistema  e sua  economia, que pune quem não trabalha em função dele e consagra quem contribui para sua estrutura. O fato é que não adianta tentar ser anárquico ao sistema, pois, todos que se levantam contra conseguem somente promover algumas  pequenas transformações, reformas  superficiais.

            O logônico  é aquilo que estrutura-nos como sujeitos. É a linguagem num sentido absoluto que esta atravessado em todo e qualquer corpo.  É o mundo humano, o que faz o ser  um "falasser": ser de fala articulada, de verbo, de logos, de lei.

            O logônico ou simbolico constitui uma das partes fundamentais da  psique que estrutura o consciente e o inconsciente. Conforme Zizek:

"A ordem simbólica, a constituição não escrita da sociedade, é a segunda natureza de todo ser falante: ela está aqui, dirigindo e controlando os meus atos; é o mar em que nado, mas permanece essencialmente impenetrável - nunca posso  pô-la diante de mim e segurá-la. É como se nós, sujeitos de linguagem, falássemos e interagíssemos como fantoches, nossa fala e gestos ditados por algo sem nome que tudo impregna." ( Zizek; 2010, p. 16)

            As regras, leis, dogmas, doutrinas, códigos éticos, valores institucionais são desdobramentos do sucesso do individuo que em sua infância foi atravessado pela linguagem e obteve acesso ao simbólico. Esse fenômeno foi descrito pela psicanálise freudiana, fase conhecida pelo nome de  "complexo de Édipo". Na perspectiva lacaniana, um presente sedutor e perigoso, que contorna o nosso presente:

"Para Lacan, a linguagem é um presente tão perigoso para a humanidade quanto o cavalo foi para os troianos: ela se oferece para nosso uso gratuitamente, mas , depois que a aceitamos, ela nos coloniza." Zizek; 2010, p. 20)

            As grandes religiões e as super-ordens estatais devem muito seu poder e crescimento ao logônico, pois é por ele que se constroem as estrutura das leis "divinas" e as modernas leis humanas. Nele, se - institui os papéis sociais, cargos, títulos, etc.

             O logônico é o lugar dos desejos, do gozo dos discursos e poderes.  No pensamento do apostolo Paulo  é "a letra que mata".



                                                     
Referencia Bibliográfica:


FINK, Bruce. O sujeito lacaniano: entre a linguagem e o gozo. Rio de Janeiro:Zahar, 1998.

ZIZEK, Slavoj. Como ler Lacan. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.





Marcio F. A. Miyazato. é Professor e Teólogo. Fundador da Teologia Trans-histórica.  Formado em Pedagogia, Graduando em teologia pela FAETESF e pós-graduando em Semiótica Psicanalítica pela PUC-SP