LOGÔNICO
No
princípio era o Logos, e o Logos
estava com Deus, e o Logos era Deus. Ele
estava no princípio com Deus.
Todas
as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
(Evangelho de João 1:1)
Logônico, vem da palavra grega – logon , modo acusativo de logos – que significa: palavra, razão,
discurso, argumento. Assim, O logônico é a esfera da linguagem, dos discurso,
da ordem e da lei, é o mundo simbólico: mundo que nos faz existir socialmente
por meio de significantes ou signos, posições sociais que assumimos
voluntariamente ou não.
A sociedade é um sistema simbólico, ou
seja, um sistema estruturado por linguagem. Logo, quando nascemos recebemos um
nome dos seres falantes ou daqueles que manipulam os códigos sociais.
Além do nosso nome, que indica nosso pertencimento a um grupo
reconhecido no sistema, também recebemos números de registro e, a partir daí, somos
educados continuamente para ser integrado ou existir dentro do sistema social
dos seres falantes. A linguagem é a lei do sistema que regula, controla,
classifica, e produz o sentido da vida social.
Indivíduo é um termo para definir
qual seria a parte menor constitutiva da sociedade, o nome de registro de uma
pessoa é a chave de acesso e conexão no
sistema e sua economia, que pune quem não trabalha em função
dele e consagra quem contribui para sua estrutura. O fato é que não adianta
tentar ser anárquico ao sistema, pois, todos que se levantam contra conseguem
somente promover algumas pequenas transformações,
reformas superficiais.
O logônico é aquilo que estrutura-nos como sujeitos. É a
linguagem num sentido absoluto que esta atravessado em todo e qualquer corpo. É o mundo humano, o que faz o ser um "falasser":
ser de fala articulada, de verbo, de logos, de lei.
O logônico ou simbolico constitui
uma das partes fundamentais da psique
que estrutura o consciente e o inconsciente. Conforme Zizek:
"A
ordem simbólica, a constituição não escrita da sociedade, é a segunda natureza
de todo ser falante: ela está aqui, dirigindo e controlando os meus atos; é o
mar em que nado, mas permanece essencialmente impenetrável - nunca posso pô-la diante de mim e segurá-la. É como se
nós, sujeitos de linguagem, falássemos e interagíssemos como fantoches, nossa
fala e gestos ditados por algo sem nome que tudo impregna." ( Zizek; 2010,
p. 16)
As regras, leis, dogmas, doutrinas, códigos
éticos, valores institucionais são desdobramentos do sucesso do individuo que
em sua infância foi atravessado pela linguagem e obteve acesso ao simbólico.
Esse fenômeno foi descrito pela psicanálise freudiana, fase conhecida pelo nome
de "complexo de Édipo". Na perspectiva lacaniana, um presente
sedutor e perigoso, que contorna o nosso presente:
"Para
Lacan, a linguagem é um presente tão perigoso para a humanidade quanto o cavalo
foi para os troianos: ela se oferece para nosso uso gratuitamente, mas , depois
que a aceitamos, ela nos coloniza." Zizek; 2010, p. 20)
As grandes religiões e as super-ordens
estatais devem muito seu poder e crescimento ao logônico, pois é por ele que se
constroem as estrutura das leis "divinas" e as modernas leis humanas.
Nele, se - institui os papéis sociais, cargos, títulos, etc.
O logônico é o lugar dos desejos, do gozo dos
discursos e poderes. No pensamento do
apostolo Paulo é "a letra que mata".
Referencia Bibliográfica:
FINK, Bruce. O sujeito lacaniano: entre a linguagem e o gozo. Rio de Janeiro:Zahar, 1998.
ZIZEK,
Slavoj. Como ler Lacan. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
Marcio F. A. Miyazato. é Professor e Teólogo. Fundador da Teologia Trans-histórica. Formado em Pedagogia, Graduando em teologia pela FAETESF e pós-graduando em Semiótica Psicanalítica pela PUC-SP
Marcio F. A. Miyazato. é Professor e Teólogo. Fundador da Teologia Trans-histórica. Formado em Pedagogia, Graduando em teologia pela FAETESF e pós-graduando em Semiótica Psicanalítica pela PUC-SP
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